A memória é formada pelas lembranças que estão na consciência. Nos primeiros anos de vida não existe uma memória contínua, como também não há uma consciência pronta, mas sim, pontos isolados. Podemos dizer que existe consciência quando a criança se refere, a si mesma, na primeira pessoa. Consequentemente, nesta fase, haverá uma continuidade da memória.
Para a formação da memória, a atenção é fundamental. Esta, por sua vez, pode ser mobilizada pelos afetos. Tendemos a prestar mais atenção nas coisas de maior interesse. Os assuntos que nos trazem prazer e satisfação são os que dispensaremos mais tempo em conhecê-los e compreende-los. Assim os afetos estão na base da formação da memória.
Nossos afetos vão se aglomerando em torno de um determinado núcleo que trazemos conosco ao nascer, que são os arquétipos. Toda vez que houver uma renovação da qualidade do afeto, através de nossas experiências, mais carga será depositada ao redor deste núcleo formando, desta maneira, os nossos complexos. Eles são os motores que impulsionam nossas vidas.
Uma memória afetiva pode se desenvolver a partir de uma percepção sensorial como um odor, um som, uma cor, desde que tal percepção esteja ligada a um momento afetivo importante.
O resgate da memória afetiva é fundamental no nosso processo de desenvolvimento psicológico, de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. Quando resgatamos nossas memórias estamos trazendo com elas a possibilidade de revisar, compreender e digerir determinadas situações que podem estar bloqueando nosso ir em frente. Podemos estar paralisados, sem perceber, em situações antigas que não foram bem resolvidas e entendidas.
Ao acessarmos nossos registros pessoais antigos ou nem tanto antigos temos a oportunidade de transformar idéias e pressupostos que hoje podem estar contendo nosso desenvolvimento e nos deixando até mesmo doentes. Podemos transformar atitudes negativas perante a vida em outras mais positivas, facilitando o nosso crescimento. O resgate da memória afetiva, quando bem orientada, trará a possibilidade de ampliarmos nossa consciência na medida em que integramos qualidades ao nosso mundo atual. Ampliar a consciência é aumentar a visão sobre nós mesmos e sobre o mundo; é desatar os nós de energia que ficaram presos em situações passadas que nos impedem de ver a vida com verdadeiros olhos adultos; é aceitar o novo e o diferente; é corrigir pressupostos que perderam a razão de ser e a capacidade de nos orientar na vida adulta.
Quando trazemos à tona nossas memórias afetivas estamos elaborando e compreendendo experiências carregas de afetos do nosso passado e que se depositaram, no fundo da alma, sendo dolorosas ou não fazem parte da edificação do nosso ser.
Vanilde Gerolim Portillo - Psicóloga Clínica - Pós-Graduada e Especialista Junguiana - Atende em seu consultório em São Paulo: (11) 2979-3855