quarta-feira, 22 de julho de 2015

Entrevista com a Coordenadora Silvia Tavares


Entrevista coletiva com a Coordenadora Silvia Tavares, diretamente da sala de informática da EMEF Mario Fittipaldi.

 Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Há quanto tempo trabalha nessa profissão?
Silvia Tavares – 22 anos trabalhando com educação.

Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Já quis trabalhar em outras profissões?
Silvia Tavares – Primeiro queria ser veterinária, depois lembrei que poderia ter animais em casa, gosto deles mas optei pela educação.

Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Com quantos anos você começou a trabalhar?

Silvia Tavares – Quando eu tinha a idade de vocês eu já fazia algumas coisas  por exemplo: ser professora de recuperação, às vezes eu dava aula, estava na  7° serie,  eu me lembro que a professora de matemática pediu para eu ajudar uma menina da 6ª serie que estava indo mal, até ganhei uma grana, a mãe da menina levava ela lá em casa e ai eu dava umas aulinhas para ela,  passou de ano e as notas aumentaram, então  trabalho desde os 13 anos, mas com carteira assinada foi depois, bem depois... já estava na faculdade, trabalhava também nos finais de ano para ter dinheiro pra comprar as minhas coisas.


Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Já pensou em desistir da sua profissão?
Silvia Tavares – Já. Algumas vezes a gente se sente sozinho, quando os colegas que são nossos apoios também desanimam,  mas foram poucas as vezes.





Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Se você pudesse mudar uma coisa no mundo o que você mudaria?

Silvia Tavares - Eu mudaria a forma como os bebês nascem, porque eu acho que se toda criança tivesse saúde, alimento, carinho, se ela fosse esperada né...  se tivesse uma sociedade e uma família que acolhesse essa criança com tranquilidade, não passasse frio, tudo seria diferente, então se eu pudesse alisar a lâmpada de um gênio e ela realizasse um desejo só,  eu mudaria o modo de nascer das crianças,  se está todo mundo  bem, todo mundo é feliz, ninguém  ficaria querendo ser melhor do que o outro.

Imprensa Jovem – Rádio Fitti - O que é ser uma mulher guerreira?
Silvia Tavares - É ter um jeito feminino de olhar para as coisas da vida. As vezes, o jeito masculino de lidar com as coisas pode piorar o conflito, vamos ver quem vence no braço....
O jeito que a mulher lida com o conflito é perguntar, por que você esta fazendo isso? Ela vai conversando né... Porque as mulheres puxam pelo lado do sentimento, se a gente mudar o sentimento, talvez a gente mude a ação das pessoas, a gente vai formar adultos melhores.

Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Dentre as atribuições do Coordenador Pedagógico, você destacaria uma que só a mulher desempenharia. Qual? 
Silvia Tavares – Olha, Eu acho que essa divisão  é o homem que tem que abordar e adquirir este olhar que é característico do feminino, não acho que só a mulher pode, mas os homens tem que aprender com a gente! Somos diferentes, não há nada proibindo que eles não possam trabalhar em creche. Todo homem pode adquirir novos jeitos de lidar com tudo o que fazemos diariamente, é claro que o fato de como a gente é criada influencia, temos que cuidar de filho, ser amiga, namorada, mãe e coordenadora. Geralmente a gente vê a dificuldade quando o homem fica doente, parece que ele vai morrer... (risos)  não vai ao médico e a mulher fica incentivando, eles precisam exercitar o olhar feminino, ouvir as partes para ser um melhor coordenador pedagógico. Não acho que só mulher pode! Na função de coordenador pedagógico, muitos homens tem sucesso! Outros já procuram ser diretores e muitas pessoas acreditam que quando uma escola é dirigida por um homem ela é melhor. Aqui é um pouco diferente tem a Sonia diretora e o Amarildo e outras mulheres fortes. 

Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Tem diferença de salário de um coordenador para uma coordenadora?
Silvia Tavares – Na prefeitura de são Paulo não. Quando eu vou preencher alguma ficha eu ponho coordenadora.


Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Como coordenadora pedagógica qual é a sua visão da educação no Brasil?
Silvia Tavares – As coisas boas acontecem pela vontade e engajamento dos profissionais que querem fazer a diferença.
O que não está bom é que como o ser humano não é prioridade,  a educação também não é.
 Qualquer pessoa pode batalhar em prol da educação menos o professor. Temos o exemplo dos professores que foram apedrejados no Paraná. Somos desvalorizados, vistos como cuidadores, salários baixos, cada professor investe muito nos estudos para trabalhar com qualidade, e isso não é reconhecido pelos governantes e nem pela sociedade.




Imprensa Jovem – Rádio Fitti A senhora trabalharia de salto alto todos os dias?
Silvia Tavares –  Não! (Risos) são lindos, mas eu tenho um problema com eles, eu ponho em ocasiões especiais, gosto de me ver de salto, meu marido adora. Eu admiro e tem professoras que lecionam para o primeiro ano  de salto alto todos os dias. Mas eu não usaria.

Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Gosta de romantismo?
Silvia Tavares –  Adoro!


Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Já sofreu algum tipo de preconceito? Se sim, qual?
Silvia Tavares – Já, sofri porque sou mulher!  De repente entrei em um lugar que não era muito comum que mulheres ficassem, e me olharam de lado. Já sofri sendo estudante, por exemplo, na USP, tinham cartazes divulgando palestras, eu entrava, com mochila, tênis e camiseta. O pessoal chegava e dizia “Bom, não era para você estar aqui…”. Tenho sofrido um pouco porque eu tenho quarenta e quatro anos, mas gosto muito de trabalhar com pessoas da idade de vocês. Ás vezes vou a certos lugares onde as pessoas ficam me olhando e dizendo “Olha, aquela é minha professora!” “O que você está fazendo aqui, tia?”. Eu tenho me dado conta de que estou ficando velha (risos).

Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Se a mulher, hoje conseguiu tanta independência e, é tratada de uma forma "igual" ao homem em questões civis, porque necessita de um dia dedicado a ela?
Silvia Tavares –  Precisamos de todos os dias dedicados a todos! Quando se coloca dia da mulher é para reforçar dar visibilidade ao comércio, na maioria das vezes, como reflexão é importante! Muitos comemoram o dia da mulher entregam rosas e a noite espancam as esposas. Ainda vivemos assim!

Imprensa Jovem – Rádio Fitti -  Dia Internacional da Mulher, o que pode ser comemorado por elas? Quais os desafios para tornar as políticas públicas de defesa da mulher ainda mais eficientes?
Silvia Tavares –  Quanto mais politicas públicas para mulher mais politica publica para o ser humano, teremos uma sociedade mais justa. Priorizar o ser humano e não o dinheiro, o poder.


Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Qual foi a maior dificuldade que a senhora já enfrentou na educação?
Silvia Tavares –  Dificuldade?... É muito difícil formar equipe. A educação não é um trabalho que se faz sozinho, infelizmente, muitas vezes os professores fecham a porta e dizem “Agora sou eu e meu aluno ou minha turma!”. Já sofri por querer fazer coisas que ninguém mais queria, viram que era realmente necessário, mas ninguém queria, uns não queriam por preguiça outros por que tinham medo, etc. Para mim, a coisa mais difícil é formar equipe.

Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Já passou por muitas coisas na sua vida? Pode nos contar?
Silvia Tavares –  Passei por muitas dúvidas quanto a minha profissão, elas fazem parte,  já que me interesso por muitas coisas, a saída é experimentar... ir  atrás dos sonhos e fazer, tomar cuidado para nada dá errado, nada que machuque a outra pessoa.  Se vocês pensarem... Ah! Eu queria ser médica mas como eu estudei na escola pública eu acho que nunca vou ser, não pense isso! Corra atrás! Dedique-se e conseguirás!


Imprensa Jovem – Rádio Fitti - Sabemos que tem um filho autista, como mãe e educadora o que a senhora diria sobre esse assunto? Quais são as maiores dificuldades e o que aprende com essa realidade?

Silvia Tavares –  O meu filho tem autismo e tem uma outra coisa chamada síndrome de West que é uma epilepsia bem séria! Bom, primeiro é que como qualquer criança o Pedro é criança, agora é um adolescente vai fazer 13 anos, e ele tem um lugar nessa sociedade, antigamente não sei se vocês sabem mas em muitas sociedades mesmo na nossa até muito pouco tempo atrás,  encarceravam essas pessoas, colocavam essas pessoas num quarto escuro, as vezes a família tinha um quarto lá nos fundos da casa deixavam ele fechado lá, só levava comida, dava banho mas não saia com ele pra fora de casa, e es quando a família era muito pobre ou quando morria geralmente a mãe ou a avó que cuidava eles iam pra manicômios, então eles ficavam em prisões, em condição muito ruim de higiene, e morriam lá. ,A sociedade não queria ver!  Hoje temos uma discussão grande sobre inclusão, tem leis que dizem que a pessoa com deficiência é parte da sociedade e  tem uma responsabilidade com ela, isso esta começando a mudar as atitudes de algumas pessoas, por outro lado  ainda sinto muita dificuldade quando  saio de casa com o Pedro... Agora particularmente ele tem tido outros problemas de saúde, dificuldade pra andar, mas mesmo quando ele não tinha essa dificuldade um monte de gente olhava  feio, fica meio assim achando esquisito, não chega nem perto, não deixa outra criança vir brincar com ele, porque acha que é perigoso, então ainda sinto muito preconceito,  eu aprendi que qualquer ser humano, qualquer criança por mais limitações que tenha, ele sente e entendi a linguagem, os olhares do mundo. O meu filho nunca me chamou de mamãe, nunca me deu um abraço que é do autismo uma das características, eles tem essa dificuldade mas eu percebi que se eu ficasse com ele no colo, ele gostava e assim trocava carinho com o Pedro, isso aprendi com ele e quando vejo uma criança eu me pergunto como trocar carinho com esta criança.

Imprensa Jovem – Rádio Fitti -   Que mensagem você passaria para os pais que têm filhos com deficiências?
Silvia Tavares –   Acredite no seu filho e encontre um caminho de trocar carinho com o seu filho.


Imprensa Jovem – Rádio Fitti   Qual é o modelo da mulher do século XXI?
Silvia Tavares –   Curiosa, engajada, atenta, aquela que batalha contra as injustiças sociais. No século XX lutou-se para ter direitos, agora precisamos de mulheres curiosas, engajadas, atentas, aquela que batalha contra as injustiças sociais.

PING – PONG 
Nome completo: Silvia Carvalho Araujo Tavares 
Idade: 44 
Comida preferida: Baião de dois 
Um esporte: Dança 
Uma cor: Azul 
Estilo musical: Eu gosto de todos, mas eu tenho ouvido muito samba 
Uma paixão: Educação 
Um time: Corinthians 
Um filme: Sociedade dos poetas mortos 
Um livro: Memoria da casa dos mortos 
Um sonho de consumo: Um carro maior 
Um lugar: Minas Gerais 
Seu bem mais precioso: Meus filhos 
O que mais odeia na sua aparência: Não odeio, mas queria perder uns quilinhos. 
Tipo de roupa: Eu gosto de roupa confortável 
Dia perfeito: Um dia que eu realizo, e que eu sinto que as pessoas estão felizes com essa realização. Dica de uma mulher: Goste de você






Nenhum comentário:

Postar um comentário

COLABORE COM O BLOG!

ESCREVA-NOS OU ENVIE UMA IMAGEM
DAS ATIVIDADES DA ESCOLA
QUE VOCÊ GOSTARIA DE VER NO BLOG.

Obrigado por sua visita!

Você já esteve aqui